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Imersão na água gelada realmente acelera a recuperação de atletas?

A imersão em água gelada é uma técnica muito utilizada no esporte para acelerar a recuperação após sessões de treinamento intenso ou competições. Porém, será que a imersão em água gelada gera realmente um efeito fisiológico que acelera a recuperação ou seus efeitos são apenas psicológicos, isto é, o famoso efeito placebo?


Um estudo recente bem conduzido e publicado em um dos principais períodos científicos da área de exercício e esporte, o Medicine and Science in Sports and Exercise, investigou especificamente esse assunto. Cabe destacar que este foi o primeiro e único estudo da literatura até o momento a controlar o efeito placebo neste contexto, o que é fundamental para interpretar o efeito fisiológico específico da imersão em água gelada. Então este estudo é um marco na literatura. Trinta voluntários bem treinados foram divididos igualmente em três grupos. Após a realização de um exercício intenso (sprints intervalados), cada grupo recebeu durante 15 minutos um dos seguintes tratamentos: imersão do corpo em uma banheira com água na temperatura de 34.7°C, imersão do corpo em uma banheira com água na mesma temperatura, porém na água foi adicionado um óleo de banho, e imersão na banheira com água gelada (10.3°C). Todos voluntários foram informados que o tratamento que estariam recebendo melhoraria a recuperação após a sessão de treino intenso. Muito importante, foi o fato que os voluntários que realizaram a imersão na banheira que continha óleo de banho e na banheira com água gelada acreditaram igualmente que as intervenções teriam efeitos positivos sobre a recuperação! O mesmo não aconteceu com os voluntários que fizeram imersão na banheira apenas com água a 34.7°C.

O principal resultado do estudo foi que a força máxima do músculo quadríceps, após ser diminuída com a realização do exercício intenso, recuperou mais rápido ao longo de 48 h nos grupos que fizeram a imersão em água com óleo de banho e a imersão em água gelada, sem diferença entre eles. Interessantemente, aqueles que acreditaram mais no efeito positivo da intervenção foram aqueles também que recuperaram mais rápido! Ainda, esses grupos não apresentaram diferença entre eles em relação aos marcadores sanguíneos de inflamação e nas medidas perceptuais de prontidão para o exercício, vigor, fadiga e dor muscular.


Portanto, o estudo indica que efeitos positivos da imersão na água gelada sobre a recuperação da força muscular após uma sessão de sprints intervalados, são, na verdade, mediadas pela expectativa que os atletas geram a respeito do tratamento, isto é, o famoso efeito placebo! No entanto, isso não deveria desencorajar a utilização dessa prática dentro do contexto em questão, pelo contrario, poderia até ser estimulada a indução de expectativas positivas sobre os efeitos benéficos da imersão em água gelada ou qualquer outro método que induza expectativa positiva nos atletas. A não ser que essa prática aplicada de forma crônica gere algum efeito negativo nas adaptações fisiológicas promovidas pelo treinamento físico...!


Fiquem atentos na continuação desse interessante assunto nas nossas redes sociais e no nosso site!


Por Thiago Lopes, Fisiologista do SEFE

Referência

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