A imersão regular em água gelada interfere nas adaptações fisiológicas provocadas pelo treinamento f
Por Thiago Lopes e Bruno Silva
Em uma postagem recente (veja aqui) vimos um estudo que mostrou que o efeito positivo da imersão na água gelada sobre a recuperação da força muscular após uma sessão de sprints intervalados foi mediado pela expectativa que os atletas geraram a respeito do tratamento, isto é, o famoso efeito placebo! Isso não invalida essa prática dentro do contexto em questão, pelo contrario, poderia até ser estimulada a indução de expectativas positivas sobre os efeitos benéficos da imersão em água gelada nos atletas.
Deste modo, a recuperação mais rápida das sessões de treinos intensas, em teoria, permitiria aos atletas acumular mais cargas de treinamento, dessa forma provocando mais adaptações fisiológicas. Então será que a utilização regular da imersão em água gelada ao longo de um período de treinamento físico pode amplificar sinais moleculares responsáveis por adaptações fisiológicas?

Em relação à aptidão aeróbia, esse tópico foi recentemente investigado em oito homens fisicamente ativos. Esses voluntários realizaram durante quatro semanas 12 sessões de treinamento intervalado de alta intensidade em esteira rolante (3x/semana). Após cada sessão uma das pernas fazia a recuperação com imersão em água gelada (15 minutos a 10°C), enquanto a outra permanecia repousando em temperatura ambiente. Muito perspicazmente esse desenho permitiu controlar o efeito placebo e outros fatores que poderiam induzir sistemicamente sinalizações para as adaptações fisiológicas, como por exemplo, termogênese induzida por tremor e redução da temperatura central. Antes e depois do período de treinamento, os voluntários realizaram um teste de exercício incremental em esteira rolante, onde foram determinados o consumo máximo de oxigênio (VO2máx) e a máxima velocidade aeróbia (MVA). Além disso, foram obtidas amostras do músculo vasto lateral por biopsia onde foram quantificadas proteínas relacionadas à biogênese (criação) e a respiração mitocondrial.
Os resultados mostraram que os voluntários aumentaram o VO2máx 5,9% e a MVA 6,2%. Isso foi acompanhado de maior aumento das proteínas relacionadas à biogênese e a respiração mitocondrial na perna que realizou regularmente a imersão em água gelada. Portanto, parece que a imersão em água gelada aplicada após sessões de treinamento intervalado de alta intensidade amplifica adaptações mitocondriais.
No entanto, dependendo da modalidade, atletas precisam além de boa aptidão aeróbia, capacidade neuromuscular bem desenvolvida para competirem. Nesse sentido, será que a imersão em água gelada realizada regularmente ao longo do treinamento interfere na sinalização para hipertrofia muscular? Acompanhe uma proxima postagem!
Referência